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Análise Técnica – Contabilização da Transferência de Mercadoria

Este documento apresenta a análise técnica de dois modelos de contabilização de transferências entre filiais, mesmo em cenários de contabilidade centralizada. A análise considera os impactos na apuração de resultado, nas demonstrações contábeis e na gestão fiscal.

1.      Resumo do Conteúdo

A seguir são apresentados dois métodos para registrar contabilmente as transferências entre filiais:

  • Modelo 1 – Com lançamento de Receita e Despesa: Cada CNPJ é tratado como cliente/fornecedor, gerando registros de receita e despesa nas transferências, além do tratamento.
  • Modelo 2 – Transferência entre Contas: As movimentações são registradas apenas como alterações patrimoniais, sem gerar receita ou despesa, mantendo o coco no controle de estoque e ICMS.

2.      Modelo 1 – Com Receita e Despesa

Neste modelo, cada CNPJ (matriz ou filial) é tratado como uma entidade independente, permitindo a apuração de resultado individual. A saída é registrada como “Transferências emitidas” (Receita) e a entrada como “Transferências recebidas” (Despesas), com lançamentos correspondentes de ICMS a recolher e ICMS a recuperar.

Vantagens:

  • Permite apuração individual por CNPJ.
  • DRE mais fidedigna
  • Transferência anula a compra na matriz, transferindo o custo para a filial

Desvantagens:

  • Exige configuração detalhada de CFOPs, integração contábil e contas analíticas/sintéticas
  • Maior complexidade operacional

3.      Modelo 2 – Transferência entre Contas

Neste modelo, não há registro de receita ou despesa. A transferência é tratada como movimentação patrimonial, com baixa no estoque da matriz e registro em “Mercadoria em trânsito”, e posterior entrada no estoque da filial. O ICMS também é registrado, mas sem afetar diretamente o resultado.

Vantagens:

  • Simples e alinhado ao conceito puro de contabilidade centralizada.
  • Foco na consolidação geral.

Desvantagens:

  • Dificulta análise individual por filial.
  • Lucro da filial pode ficar inflado por não receber a despesa de aquisição.
  • Resultado individual distorcido, exigindo análise apenas consolidada.

4.      Impacto no CMV

No Modelo 1, o CMV é corretamente alocado para cada CNPJ, permitindo cálculo de lucro bruto preciso.

No Modelo 2, o CMV permanece no local de compra, podendo distorcer a margem bruta das filiais.

Fórmula utilizada para cálculo:

CMV = Estoque Inicial + Compras – Estoque Final

5.      Recomendação

Se a gestão exige análise individual de cada CNPJ, recomenda-se o Modelo 1 (Com Receita e Despesa).

Se o foco é consolidado e a contabilidade é fortemente centralizada, o Modelo 2 pode ser utilizado, desde que haja controles complementares para ajustar o CMV e margens individualmente quando necessário.

Autor: Carlos Leonardo  |  Última edição: Felipe Haberl